As cidades inteligentes coletam informações em tempo real para melhorar a gestão urbana, mas muitos desses dados podem ajudar também na experiência de consumo
Muito mais do que um lugar para acolher pessoas, as cidades, se bem planejadas, podem favorecer a sociedade em diversos níveis. A adoção de inovação no planejamento urbano já se mostra como sinônimo de maior qualidade de vida e desenvolvimento humano.
Assim como aprimorar esse ambiente por meio de soluções tecnológicas ajuda a potencializar a oferta de serviços, educação, e muito mais, esses avanços também são a espinha dorsal dos negócios e da indústria atualmente.
Um exemplo já muito presente mostra que por meio da Internet das Coisas (IoT) é possível utilizar dados para conectar sistemas, produtos e usuários, garantindo maior produtividade e rentabilidade.
De acordo com Regiane Relva Romano, diretora do Smart Campus Facens, a curiosidade em torno desse tema só cresce. Desde 2014, a acadêmica é a responsável pelo protótipo de uma minicidade inteligente, o Smart Campus Facens, em Sorocaba, no interior de São Paulo.
O programa teve início em 2014, por meio de uma colaboração com o G-Lab – (Global EntrepreneushipLab), do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (M.I.T.), como um laboratório vivo. Na prática, o campus do Centro Universitário Facens se tornou um espaço para estudos e simulação do ambiente real de uma cidade, priorizando projetos que estejam alinhados com os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU e aos conceitos de Smart Cities.
“Essa proposta entendia que a faculdade tinha os mesmos problemas de uma cidade. Aqui, temos 4,5 mil habitantes e temos problemas de mobilidade, segurança, saúde e educação, que podem ser monitorados e levados a outros patamares – como a escala de uma cidade real”.
Dentre as soluções desenvolvidas no campus, Regiane cita a gestão de resíduos, em que é possível mensurar quantos quilos de lixo foram coletados, a quantidade de água gerada e poupada nesse ambiente, o consumo de energia elétrica de cada prédio, controle de acesso com biometria facial e reconhecimento de placas, controle de limpeza de bueiros, sensores da qualidade do ar, de ruídos, de temperatura, de abertura de portas de laboratórios, e tantos outros controles integrados.
EMPRESAS INTELIGENTES
Nesse palco de experiências, o termo smart cities também começa a despertar a imaginação de empresas e startups para que com seus recursos tecnológicos possam otimizar sua gestão.
Regiane aponta que as cidades inteligentes coletam informações em tempo real o tempo todo, podendo impulsionar as oportunidades de negócios, novas empresas e modelos de atuação, focando a melhoria da experiência do consumidor.
“É começar pelo básico, tendo, por exemplo, um sistema de gestão que suporte qualquer tomada de decisão do consumidor, saber quem são seus clientes, quais são os produtos que giram e os que não giram. Ter um negócio com velocidade é o maior diferencial que uma empresa pode ter”, diz.
Regiane lembra que a TI é a alma de qualquer solução inteligente, seja para criar ou para garantir a evolução de processos mais eficientes. Entre os exemplos que a especialista considera importantes dentro de uma empresa estão as integrações de estoque e pedidos com lojas físicas e on-line; sincronização do negócio com marketplaces, como Amazon, Americanas.com e outros, apresentar uma loja virtual totalmente responsiva (garantindo a visualização em dispositivos mobile – smartphones e tablets), gestão de meios de pagamentos, estratégias de redes sociais, Google Shopping, além de ações de logística.
Para pequenos varejistas, Regiane destaca que há soluções de fácil utilização e implantação que visam controlar as atividades básicas de uma operação varejista, como, por exemplo, a frente de caixa e retaguarda, que passam pela gestão completa de uma loja e permitem aos varejistas a implementação futura de outras inovações tecnológicas.
Embora ainda haja um longo caminho a ser trilhado, a especialista afirma que as smart cities já suportam muitas oportunidades para os empreendedores ou para quem quer criar um negócio e fazer diferença na sociedade.
Regiane explica que aplicações e recursos voltados para o ensino, cultura e outras formas de lazer e conhecimento estão totalmente conectados com as cidades inteligentes. Nas palavras da especialista, soluções focadas na sociedade e no social devem envolver pessoas de diferentes rendas, culturas, idades e profissões.
O desenvolvimento econômico está entre os principais pilares de uma cidade inteligente. Neste contexto, Regiane aponta que é preciso envolver a indústria, a inovação e as iniciativas empreendedoras com soluções simples e fáceis de replicar.
“As soluções desenvolvidas para uma smart city devem partir de necessidades básicas. Quanto mais prático for uma cidade, mais inteligente ela será para todos que convivem nela”.
Fonte: https://dcomercio.com.br/publicacao/s/os-impactos-de-uma-smart-city-nas-empresas